Jovem com a 'pior dor do mundo' revela que vizinho tentou estuprá-la há quatro anos: 'Me prendeu pelos braços'
07/08/2024
Na última semana, Carolina Arruda decidiu contar em vídeo algumas violências sofridas antes do diagnóstico de neuralgia do trigêmeo. Decisão veio após entender que para tratar a dor física, primeiro era necessário tratar a dor psíquica. Carolina Arruda tem 27 anos enfrenta a luta contra neuralgia do trigêmeo
Arquivo pessoal/Carolina Arruda
Na última semana, Carolina Arruda, de 27 anos, decidiu contar sobre uma série de abusos, ameaças e agressões vividas antes de ser diagnosticada com a neuralgia do trigêmeo, considerada pela medicina como a doença com a "pior dor do mundo". As revelações foram feitas em vídeos publicados em rede social.
A decisão veio após entender que para tratar a dor física, primeiro era necessário tratar a dor psíquica – causada por situações vividas na infância e na adolescência.
Em um dos vídeos, ela revelou uma tentativa de abuso sofrida em 2020, em Bambuí, cidade onde ela mora.
O caso ocorreu quando Carolina começava a estudar medicina veterinária. Segundo ela, o agressor foi um vizinho, que foi punido apenas com uma multa e ficou dois anos com restrições para sair à noite.
"Eu morava em um condomínio e usava sempre uma camiseta com 'Medicina Veterinária'. Um vizinho, que morava com a esposa enfermeira, pediu ajuda para dar um remédio ao cachorro. Eu disse que ajudaria quando a esposa dele chegasse do trabalho em casa, por volta das 19h. Por volta de 19h30 cheguei na casa dele e a esposa não estava. Somente depois descobri que a esposa já tinha mudado o horário de plantão dela há duas semanas e ele não me falou isso, na maldade. Depois de dar o remédio, fui saindo, mas ele me atacou, me prendeu pelos braços e começou a tirar minha roupa com a boca", contou Carolina.
Naquele dia, ela não conseguiu gritar, porque estava sem voz devido a uma cirurgia que tinha feito um mês antes, causando uma paralisação nos músculos da face.
"Eu só lembrei da Carolina de seis anos, que também não conseguiu gritar por motivos diferentes. Eu consegui tirar uma força que eu não sei de onde veio. Eu consegui escapar pela lateral em um momento que ele se descuidou e levantou o braço e aí eu consegui escapar e fugir", relatou.
Ela fez uma denúncia à Polícia Militar (PM), que registrou o caso como importunação sexual. Posteriormente, Carolina descobriu que o agressor também foi denunciado por outras duas jovens.
"Ele nunca foi devidamente punido. Apenas pagou uma multa e teve restrições à noite, enquanto eu continuei enfrentando uma onda de abusos", concluiu.
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Revelações
Carolina também revelou que, na infância, foi abusada sexualmente por um familiar, que a ameaçou para mantê-la em silêncio. Esse trauma a fez se isolar da família e sofrer com dores de cabeça e desmaios, que foram inicialmente tratados como enxaqueca emocional.
Aos 13 anos, Carolina começou a namorar um jovem. O relacionamento trouxe uma nova onda de abusos, desta vez físicos e psicológicos. Aos 16 anos, Carolina engravidou. Seu parceiro a pressionou para abortar, mas ela decidiu manter a filha.
Ao g1, ela relatou que os dois casos sofridos não chegaram a ser registrados na polícia, devido ao medo de expor as duas situações na época. Hoje, ela espera que esse desabafo seja um incentivo a outras mulheres que possam ter passado por situações similares.
"Eu quero que as mulheres falem, que não se calem. Eu guardei isso por muitos anos e foi muito prejudicial pra mim", contou.
Carolina Arruda sempre foi apaixonada pelos animais - Bambuí
Carolina Arruda/Arquivo Pessoal
Durante a gravidez, Carolina Arruda contraiu dengue e começou a ter crises severas de dor. A busca por um diagnóstico correto levou quatro anos, com muitos médicos descartando neuralgia do trigêmeo devido à sua idade.
No final da gravidez, descobriu que o namorado da época a havia traído e engravidado outra pessoa. Após o nascimento da filha, ele se afastou, deixando Carolina desamparada.
Com o tempo, a jovem foi ficando cada vez mais doente e tendo crises de dor. Ela conta que chegava a desmaiar e, em algumas situações, derrubava a filha recém-nascida, o que se tornou perigoso.
A avó de Carolina, que é bisavó da criança, propôs criar o bebê até que a jovem estivesse bem o suficiente para voltar e buscá-la. Carolina aceitou a proposta, mas junto veio o sentimento de culpa.
Atualmente, a filha dela tem 10 anos e permanece vivendo na casa da bisavó. Há cerca de três anos, Carolina Arruda se casou com Pedro Leite, que convive de perto com as limitações causadas pela doença e acompanha a esposa no tratamento.
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